quinta-feira, setembro 28, 2006

Tempo III

Ganhou três gravuras chinesas com fundo vermelho. Uma borboleta ladeada por dois morcegos; um peixe e um dragão. Emoldurou o presente em laca e pendurou na sala, adivinhando significados místicos nos quadros e nas intenções de quem os deu.
Eram três ilustrações para rótulos de caixas de fósforo, descobriu anos depois. E ficou ainda mais encantada com a irrupção daquela beleza repentina. Desde esse dia, quando lhe perguntam o que querem dizer as gravuras, sorri misteriosa. De que adiantaria explicar a morte dos nossos pequenos deuses?

*Conto extraído do livro Mínimo Múltiplo Comum.

Rosa Amanda Strauz

2 comentários:

Anônimo disse...

O conto é lindo, não canso de ler e reler, como, alias, todo o Mínimo Múltiplo Comum que n~ao entendo como não se reedita!

M Valéria

Ana__Lia disse...

Rosa, adorei teres ido me ler, e acho que me incentivou a escrever. Lindo, esse continho.