segunda-feira, setembro 25, 2006

Soldadinho de chumbo

Era um soldadinho de chumbo e estava apaixonado pela bailarina da caixinha de música. Um chuvoso dia (folga dos brinquedos) propôs um passeio pelo armário. Já ia alta a lua recortada de alumínio. Sentaram-se à sombra de um grande joão-teimoso. E embora fosse de chumbo, o soldadinho derretia-se facilmente em afagos. Contava aventuras de guerra, dizia poemas épicos resumidos, marchava miudinho. A bailarina achando tudo aquilo divertido apenas.
Um dia, convocado, o bonequinho foi para a guerra. Longe, longe - no outro lado do quarto. A vida era dura, os soldados dormiam em caixas de fósforos abandonadas. O soldadinho escrevia cartas de amor e mandava por um camundongo. Nenhuma foi respondida. Até que a guerra se finda de uma vez e eis que o soldadinho de chumbo tem menos chumbo - perdera uma perna - e mais coração.
Mas grande desilusão! Manca que manca, sofre mais do que todas as batalhas perdidas. Encontra sua amada bailarinha nos braços de outro. Por sinal, um sujeito metido à pelúcia. Fora traído por um ursinho.

André Ricardo Aguiar

4 comentários:

Anônimo disse...

Um certo encanto. Uma certa leveza. Um certo humor. Uma (in)certa surpresa. Gostei, certamente. Um abraço.

Anônimo disse...

Olá, André
Sou Ana Lia, filha de Ronaldo, e gosto demais de teus continhos. Esse, então, está uma delícia - me lembra outro que li, sobre uma casa de bonecos, que pensavam que a mão humana era uma espécie de Deus... também sou blogueira, mas ando pouco dedicada. Se quiser, confira: www.paraibacana.blogspot.com
Abraços

Saramello disse...

Olá, André!
Quero te convidar a conhecer meu blog.
Quando tiver um tempinho, entra lá, deixe sua opinião e, se gostar,indique aos amigos.
Obrigada!!!

tauany disse...

oi andré o Saldadinho De Chumbo é muito legal!eu gostei muito!!!thal beijos