
Penélope não tinha nada de charmosa. Era assim-assim. Mas era uma dona de casa jeitosa e arrumou-se com Ulisses da borracharia. Eles se casaram: e dava na vista que o arrumado ia ser o inferno de um, purgatório de outro. Ninguém sabe ao certo quando os problemas começaram. Se Ulisses procurava Penélope e ela inventava uma dor de cabeça – razão do périplo dele pelos bares da vizinhança; ou se, os sumiços cada vez mais prolongados do malandro fizeram Penélope tomar gosto por tricô e traição. Sei que era essa a conversa ao longo dos anos: ele deu de beber com amigos em botecos longínquos; ela, postada à janela, atraía o cio de toda sorte de vagabundo: pra complicar, morava ao lado de uma mercearia.
Deu no que deu. Ulisses no meio do mundo – uns diziam que foi pego por dívidas e assassinado no Conjunto Creta, para os lados de Dois Morros. Já os credores – no santo ofício de acreditar no
devo não nego, pago quando puder, diziam que Ulisses chegaria de surpresa, mais velho e cabreiro. Penélope cansou de tricotar uma colcha de casal. Aranha desiludida, desfez fio por fio sua história e foi viver de favores na casa de distantes parentes. Quase uma odisséia.
Arte de Olivier MaceratesiAndré Ricardo Aguiar
5 comentários:
Bacana o uso da mitologia para criar tramas do mundo atual! Gostei do cantinho...parabéns e abraço!
Adorei.
Linguagem super casual.
Senti verdade, fugiu do academicismo chato.
Isso foi Otimo me ajudou mito nos trabalhos
isso é um capeta, diabo, tudo de ruim que escreveu isso vai para os quintosm do inferno, vai para puta quelhe pariu,
Vai toma no cu.
nao entendi nada. mas tem alguem que quer fazer sexo comigo ???estou ja me masturbando??????????????????????
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