
Caminhou longa dinastia da cozinha para as frestas do banheiro. Um dia, quem sabe no apocalipse, chegaria ao quarto. Desinfetar-se-ia da sua vida ortóptera e onívora, andaria em patinhas rumo a um mundo de formas duvidosas, corroborando sua alucinação de inseto. E subiria entre panos, se alojaria no morno do quarto, deixaria o suor noturno da noite como crisálida - e pesado, remexendo com desconforto esses braços lassos, as pernas em forma de K, a cabeça a tomar rajadas de luz pela janela, sons decodificados, família coagulada numa distante sala de jantar...
Quem sabe numa manhã não acordaria como o caixeiro-viajante Gregor Samsa?
André Ricardo Aguiar
9 comentários:
Você me convenceu, André... aconteceu!, vindo lá do início dos tempos, como aliás deve ser a evolução lenta e penosa de todos os escritores!
!!!! A leitura deste blog sempre me espanta, pela organização do delírio, pela liberdade, pela concisão dos textos e pela surpresa, sempre.
tava aqui atualizando a leitura. poxa que legal! cada um melhor que o outro. um beijo
Meu caro: Gostaria de publicar um de seus contos no Balaio, talvez esse. Tudo bem? Um abraço.
Moacy, fique à vontade. Escolha do sortimento e pronto! Eu que agradeço! Outro abraço!
Parabéns Andre, o conto é muito bom. Muito legal as sacadinhas com o Kafka, e principalmente o não se entregar ao estilo kafkiano mas rever a temática através da sua caneta. Divertido. Parabéns.
PS:Acho o K um personagem mais divertido do que o Gregor.
Sou suspeita,mas eu adorei meu lindo!..."longa dinastia da cozinha..." muito ,muito bom.
Meu caro: Seu "K" já está no Balaio. O de hoje. Um abraço.
esse é irmão do meu Metamorfose. Ou amigo querido, como nós. ;)
Beijo e beijo, André.
Postar um comentário